sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Um tempo para as críticas I

A velocidade com que a realidade virtual se desenvolve é preocupante. Ao mesmo tempo em que facilitam a nossa vida e o acesso à informação, as novas tecnologias "virtualizam" a nossa memória, isto é, remetem-nos a lembrarmos e pensarmos apenas naquilo que está à nossa frente.

As dimensões do próprio tempo confundem-se no tempo real. Invenções que dizimam negócios não são nada de novo. A novidade fica por conta do ritmo das descobertas e a facilidade de sua implantação. Existe, hoje, um receio em relação às novas tecnologias, já que elas estão provocando nas pessoas uma certa fadiga da informação. Como encontramos tudo sem sair de casa, passamos a não procurar o novo, perdemos o senso da descoberta, da busca de um sentido para as coisas. A virtualidade nos dá tudo, mas ao mesmo tempo tudo esconde. Não procuramos as nossas próprias saídas, e sim aquelas que estão disponíveis à nossa frente.

Sofremos de uma paralisia da capacidade analítica. Não só pela velocidade com que as comunicações avançam, mas também pelo fato de que as 24 horas do dia se tornaram insuficientes para que o homem absorva tantas informações, não restando tempo para leituras e outros exercícios de nosso senso crítico. Apesar dos instrumentos de comunicação se multiplicarem, o potencial de captação do homem (físico, mental e psicológico) continua restrito.

(Texto publicado no Jornal Gazeta do Sul de 23/10/1998, pág. 4)

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