A excessiva proximidade do acontecimento e de sua difusão em tempo real cria a indemonstrabilidade, a virtualidade do acontecimento, que lhe retira a dimensão histórica e o subtrai à memória. É a virtualização de nossa mente. Por toda parte onde opera essa promiscuidade há massificação. Iniciaria-se aqui uma complexa discussão a respeito da relação comunicação e poder, assim como a influência da TV nesse aspecto e, cada vez mais, da internet.
Como diria Gilberto Dimenstein, "a mesma mão que controla a imagem controla o corpo e o cérebro do espectador na tentativa de destruir o nosso poder de criticar". Os jovens estão a cada dia mais ignorantes, talvez porque as escolas são ruins (propositadamente), talvez porque os pais não tenham mais tempo de serem educadores, ou talvez porque os jovens passam a maior parte do tempo assistindo ou acessando a lixo.
É claro que essa difusão das informações é necessária, que a Internet veio para nos ajudar e que precisamos ser cada vez mais rápidos e eficientes. Mas por que sermos mais rápidos e eficientes? Não estamos fazendo com que nós mesmos nos forcemos a ser mais eficientes? Por que evoluir tanto, se vivíamos normalmente há dez anos sem tanta informação? Será que é necessário termos acesso a tantas informações se não temos mais tempo nem de discutí-las com quem está ao nosso lado? Não adianta, pois não temos tempo de analisar essas questões. Devemos estabelecer certos limites, analisando também o que as novas tecnologias estão pondo a perder.
Talvez haja uma solução pacífica para isso tudo. Como os modelos atuais de escolas e universidade estão ameaçados pelas novas redes eletrônicas de comunicação, o homem precisa adaptar-se aos novos meios ao invés de considerar as escolas e as universidades acabadas. Estamos em um processo de mudanças no que diz respeito à aquisição de conhecimentos e, se pensarmos bem, não precisamos mais freqüentar as salas de aula. As mudanças exigem reformas nos métodos de ensino, que exigem agora um intercâmbio de conhecimento por meio do incentivo à inteligência coletiva dos estudantes, ao uso das novas técnicas e à orientação para as carreiras individuais, contribuindo para o reconhecimento do conjunto das capacidades dos indivíduos, inclusive os conhecimentos não-acadêmicos. Vamos dar um tempo para as críticas! É hora de agir...
(Texto publicado no Jornal Gazeta do Sul de 23/10/1998, pág. 4)
Grêmio e Corínthians
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