quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Fotojornalismo

Se tem algo que me fascina na minha profissão é o fotojornalismo. Não estou falando em fotos, simplesmente, e sim em fotojornalismo. Aquelas fotos que dizem tudo, que dão a notícia em si sem precisar muitas palavras.

Mais legal no fotojornalismo é a possibilidade de casar títulos e foto, e esse jogo de palavras e imagens se torna divertido, além de importante e de imensa responsabilidade e competência por parte dos profissionais. Em algumas editorias esse recurso é mais viável, fácil, flexível, até mesmo pelo tom mais descontraído que elas oferecem, como no esporte, na cultura ou em variedades.

É o caso da capa da edição de hoje (24/02/2010) de Zero Hora, onde a foto em anexo vem acompanhada do título "Inter decola na Libertadores", referindo-se à estréia vitoriosa da equipe gaúcha na competição sulamericana. O casamento entre título e foto é perfeito.

No entanto, nada impede que em outras editorias seja possível aplicar esse criativo e descontraído recurso. Basta criatividade, "feeling". E a ocasião permitir, é claro! Em alguns casos, a foto, por sí só, diz tudo, como a imagem postada neste blog no dia 24 de novembro de 2009 (http://lucianoppereira.blogspot.com/2009/11/esta-foto-publicada-em-zero-hora-no-dia.html).

E aqui vou continuar publicando, sempre que encontrar, fotos deste tipo, que destaquem grandes trabalhos e idéias de fotojornalismo. Isso até nos motiva a fazer trabalhos semelhantes. Parabéns a esses profissionais!

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Lost


Mais perdidos que os sobreviventes do vôo 815 da Oceanic estão os produtores da série Lost. É comovente ver o rumo que tomou a história que havia começado tão bem, de forma tão impactante, criativa, inovadora, de muito suspense. Tamanho sucesso inicial, certamente, pegou de surpresa os próprios criadores da série, que ficaram sem saber o que fazer, ou inventar, para dar seqüência à trama.

Nunca presenciei na TV ou cinema tamanho desvio de rumo, ou mesmo perda do controle sobre um enredo. De assunto corrente em rodas de conversa sobre TV nas duas primeiras temporadas, Lost passou a cair no esquecimento, no ostracismo, a partir da terceira temporada. Não podia ser diferente. Eu mesmo desisti de assistir. Perdi a paciência.

Com muitas perguntas sem respostas, personagens que entraram e saíram sem motivos aparentes (inclusive Rodrigo Santoro andou perdido por lá), histórias sem nexo, repetitivas intrigas e cansativas situações absurdas, Lost chegou à sua sexta temporada, apresentada como a última. Resolvi, então, voltar a assistir por curiosidade. Preciso saber onde eles conseguiram chegar com tamanha "viagem". Que respostas e explicações irão dar ao seu público. Enfim, curiosidade em saber onde vai dar essa história...

Para isso, dediquei dois finais de semana das minhas férias para me colocar em dia com a trama, assistindo à quarta e à quinta temporadas. Foi difícil, confesso, mas consegui. E hoje comecei a acompanhar a sexta e última temporada. Os dois primeiros capítulos, de uma só vez. Posso dizer que os produtores da série parecem continuar perdidos. Resta saber se eles próprios conseguirão se desvencilhar do emaranhado que eles mesmos se meteram. Até o final do ano, quem sabe, eu volto a escrever sobre a última temporada de Lost. Isso se eu conseguir chegar até o final, é claro...

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

O mito do gaúcho

As camadas populares sempre perderam no campo da luta, desde Cabral. Por que elas devem continuar perdendo nos livros de História? Segundo o historiador Luiz Roberto Lopez, em sua revisão dos mitos gaúchos, utilizar o nome do povo para encobrir interesses de apenas um grupo significa uma nova derrota popular, na medida em que se impede que um episódio histórico sirva para a formação de uma consciência crítica.

No Rio Grande do Sul, a ideologia construiu o mito do gaúcho. Austero, guerreiro, bravo e herói, surgiu em uma estreita relação com o fato histórico que mais o alimentou: a Revolução Farroupilha. Ao longo do tempo, a visão homogeneizadora do gaúcho tem servido para ocultar relações de conflito e dominação.

Como cabe a nós a busca da verdade, devemos antes lembrar o fato de estar errado o termo Revolução para o levante farrapo. Não foi um revolta popular, levando em conta os interesses em jogo. Mas, na condição de classe subordinada, o povo lutou. A historiadora Sandra Pesavento enfatizou a Revolução Farroupilha como um fato concreto em cima do qual se idealizou a figura do gaúcho, mas que também deixou como herança para o povo do Rio Grande do Sul o seu conteúdo de luta contra a oposição periférica do Estado diante de um governo central ganancioso e opressor.

Nos dias atuais, os gaúchos, como também são chamados os sul-riograndenses, ainda cultivam algumas raízes separatistas, como é o caso do santa-cruzense Irton Marx, que 160 anos depois proclamou a independência do Rio Grande do Sul. Apesar de ter sido o seu ato apoiado por poucas pessoas, muitos gaúchos ainda compartilham da mesma opinião. Porém, não se sabe ao certo se radicalizar seria a solução, já que em muitos aspectos não se teria a total independência.

Mas afinal, quem era então o gaúcho? De acordo com os estudos do historiador Décio Freitas, o gaúcho, longe do que foi idealizado, era apenas a fatalidade de um trabalhador sem estabilidade, abandonado pelo governo central, obrigado a buscar emprego de estância em estância. Seu gosto por revoluções não passava de pretexto para saquear e comer. A sua "liberdade" esteve sempre condicionada às vontades do estancieiro. Seu cotidiano nada teve de lúdico e idílico, como muitos ainda pensam. Apenas o habilitou a enfrentar a árdua Guerra dos Farrapos.

Portanto, reacender a cada ano o espírito do movimento farroupilha tem um objetivo claro entre os gaúchos: utilizar o passado para reforçar a indignação do povo gaúcho do presente, estabelecendo uma analogia entre contextos políticos distintos: nas duas épocas, as misérias deste Estado teriam como único culpado o poder central. É uma luta contra a virtualização da nossa memória.

O problema reside no fato de que, assumindo essa postura rebelde diante das decisões de nosso país, o Rio Grande do Sul está também em um constante pé-de-guerra com a opinião pública brasileira, em todos os âmbitos. sempre contrária ao caráter e postura do gaúcho. Isso dificulta relações, negociações e investimentos, já em conseqüência de diversos outros fatores decorrentes daquele. É o preço que se paga por ser alfabetizado e politizado num país onde historicamente se ensina a não saber.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Futebol Clube Santa Cruz

Ao contrário do que é recomendado pela Federação Gaúcha de Futebol, a diretoria do Futebol Clube Santa Cruz está cobrando o valor integral do ingresso para o público feminino nos jogos da equipe pelo Gauchão. Se a intenção era de lucrar mais com essa medida, mais uma vez, como historicamente tem acontecido no clube, a ideia vem surtindo efeito contrário. O que se vê nos jogos do Santa Cruz são arquibancadas sempre vazias, ausência de famílias no Estádio dos Plátanos e, em especial, do público feminino.

Parabéns ao dirigente que teve essa "brilhante" ideia. Se a torcida do Santa Cruz já tinha a fama de ser fria, ausente e de não apoiar as suas equipes, estão agora conseguindo confirmar ainda mais essa fama, com o apoio dos dirigentes. Uma medida retrógrada, tão deprimente quanto o futebol apresentado pela equipe. Aproveito, aqui, para parabenizar a diretoria do Esporte Clube Avenida pelo respeito e ética para com o seu torcedor que, em troca, tem comparecido em grande número para prestigiar e realmente apoiar o time, mesmo nos momentos mais difíceis.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Viagem entre livros

Mesmo para aquelas pessoas que dizem não gostar de ler, é quase impossível visitar a Feira do Livro de Porto Alegre sem se encantar com a diversidade e a magia que aquela infinidade de livros proporciona. Passear pelos "corredores" de livros da Praça da Alfândega nos faz esquecer da rotina, como se parássemos no tempo e entrássemos em cada uma daquelas histórias...

O efeito mágico da feira inicia no momento em que começamos a caminhar pela praça. Paramos em cada barraca e já nos encantamos, à primeira vista, com a beleza das capas dos livros. Logo, começamos a folheá-los e, quando nos damos por conta, lemos quase todo o livro.

Passam-se vários minutos e você não consegue sair dali. O conselho, então, é reservar não apenas alguns minutos, mas sim algumas horas para visitar o evento que teve em 2009 a sua 55ª edição, realizada de 30 de outubro a 15 de novembro. Para quem nunca foi, vale a pena inserir nos planos para 2010, podendo aproveitar e estender o passeio pela capital. E para quem já visitou a Feira do Livro de Porto Alegre, não é preciso dizer mais nada. Basta "viajar"...