terça-feira, 6 de julho de 2010

A morte do rock


Uma dúvida está no ar e tem me incomodado cada vez que ligo o rádio do meu carro ou que busco informações sobre novidades musicais: o rock nacional morreu? Onde está o bom e velho rock'roll, a rebeldia, a indignação, a sensualidade, a irreverência e, principalmente, a crítica ao sistema?

Com todo o respeito às novas tendências musicais, o que é absolutamente normal ocorrer, mas elas em nada têm a ver com rock. Rock é atitude, é querer mudar o mundo, é realmente transmitir algo, arrastar multidões. É ser diferente. É transformar uma banda em religião, ou em legião. Não são letras, são manifestos. Não são músicas, são hinos cantados por gerações inteiras.

Cá entre nós. Qual das músicas tocadas pelas bandas brasileiras no ano passado são lembradas hoje? Qual dessas ficará para a história, será cantada por décadas? Não vejo mais isso. Não vejo porque não existe. E podemos ir mais além do ano passado. Não há mais rock no País há um bom tempo. Não há mais bandas de rock.

O que temos são nossos dinossauros sobrevivendo em meio a esse marasmo, como Titãs, Barão Vermelho, Paralamas do Sucesso (literalmente sobrevivendo), Engenheiros do Hawaii, Capital Inicial, Nasi, entre outros que tentam regravar seus sucessos. E por que voltam a fazer sucesso? Porque o campo continua vasto, totalmente pertencente a eles, sem herdeiros, sem sucessores.

Pais e filhos, Beth Balanço, Faroeste Caboclo, Lanterna dos Afogados, Exagerado, Até quando esperar, Cabeça Dinossauro, Terra de gigantes, Envelheço na cidade, Geração Coca-Cola... e tantas, mas tantas outras que se eternizaram. Hoje ouvimos músicas e mais músicas do repertório nacional e não conseguimos nem ao menos distinguir uma voz de outra, nem mesmo um acorde de outro. É tudo igual, mesmo ritmo, mesma voz, letras parecidas, melosas. Um melodrama total, lugar comum. Comodidade. Reflexo da juventude atual?

Onde estão nossos novos roqueiros? Não ouviram nada de seus pais? Cadê a atitude? Será que é apenas uma tendência nacional ou é uma realidade mundial? Afinal, se formos pensar, nem mesmo fora daqui parecem surgir novidades nessa área. Por isso talvez ainda convivamos com shows lotados de ZZ Top, Guns, Madonna, Metallica, Iron Maiden. Mas ainda surgem. Se não em sonoridade, pelo menos em atitude.

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