terça-feira, 4 de maio de 2010

Trânsito

Já morei em quatro cidades diferentes. Já dirigi em centenas de outros lugares, tanto no Brasil como no exterior. Mas, sinceramente, não conheço cidade com piores motoristas do que Santa Cruz do Sul. É deprimente ver o quanto os santacruzenses são mal educados no trânsito ou, simplesmente, péssimos motoristas. Pisca-pisca? É uma mera peça de decoração do veículo. Não tem nenhuma outra utilidade.

O que mais me chama a atenção é que quando chegamos a Santa Cruz do Sul, há 20 anos, nos deparamos com uma cidade totalmente planejada, ruas paralelas, organizadas milimetricamente e, pasmem, com faixas de segurança em todas as esquinas. Nunca havíamos visto uma cidade com tamanha preocupação com o pedestre. Mas passado um tempo já na cidade, nos perguntamos: pra quê? Que contrasenso. A cidade que possui faixas de segurança em todas as esquinas é, ao mesmo tempo, a que menos sabe para que elas servem. A que menos as utiliza.

Não precisamos ir muito longe para termos bons exemplos de que para que servem as faixas de segurança. Basta ir em qualquer país vizinho da América Latina para termos uma aula de educação e respeito. Basta chegar perto da faixa e os carros param. É, santacruzenses! Isso mesmo, é verdade. Existe isso, sim! No Brasil a coisa muda, mas mesmo assim há cidades que culturalmente respeitam as leis de trânsito. A pergunta que fica é: o que há de diferente nestas cidades? O que tem sido trabalhado diferente nas escolas, ou mesmo nas autoescolas? Será que as autoescolas de Santa Cruz do Sul são deficientes?

Interessante é que Santa Cruz do Sul é colonizada por alemães. E a Alemanha, como se sabe, é um exemplo de educação e respeito às normas de trânsito, como em toda a Europa. Fico imaginando, às vezes, um casal de ingleses caminhando pelo centro de Santa Cruz do Sul. Coitados. Em Londres, se você parar perto de uma faixa de segurança, o trânsito para. E em Santa Cruz do Sul? Experimente atravessar uma rua pela faixa de segurança. Não dá para entender.

Estacionar no meio da rua, dirigir lentamente pela esquerda, dobrar sem usar o pisca, nada disso é mais novidade por aqui. Questiono os motivos para tamanha deficiência ao volante, e me vem à tona questões culturais. Santa Cruz do Sul é uma cidade colonial, com grande parte da população oriunda ou ainda residente no meio rural, onde as leis de trânsito não existem. A cidade cresceu na sua parte central, e de uma hora para outra surgiram avenidas com até três vias. Mas a sua população ainda dirige como se estivesse guiando carroças, ou galopando cavalos. Para-se onde quiser, estaciona-se no meio da rua para conversar, dirige-se da forma que vier à mente. Uma cidade pequena que cresceu mas que seus motoristas ainda dirigem como se estivessem na colônia.

É uma questão cultural, ou de índole mesmo, em alguns casos. O fato é que aqui se chegou ao ponto de, se você for educado e parar para alguém atravessar a rua pela faixa de segurança, corre é o risco de provocar um acidente. Deplorável. Cômico até, se não fosse trágico.

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